Idiotices.

Ou controvérsias. É rara a ocasião em que apenas escrevo o que me passa pela cabeça. Mas dado que se trata de um assunto que nunca abordei, senti-me tentada a instigar a minha curiosidade e apelar às vossas opiniões para que me esclareçam.

O assunto é simples. É até divertido. Venho-vos falar, pois, de coisas do senso comum e trivialidades do dia-a-dia. Insignificâncias como liberdade de expressão, comunicação social, humor e coisas que tais. 


Acontece que andava eu descansava pelo Chiado na passada quinta-feira (creio que a responder a uma mensagem do meu namorado) quando dou por mim a levar (quase) literalmente, com um microfone na cara. Assustei-me mas o ambiente era de festa e o rapaz que o segurava era uma gracinha. Abordou-me com um «boa noite» e eu, idiotamente, respondi-lhe (acho!, ainda que sem certezas) com algo do género. Reparo que traz um amiguinho que segurava numa câmara que me pareceu jeitosa (gostava de ter uma assim, invejosa me confesso!) Reparo também que os meninos não tinham qualquer identificação, pensei que pudessem ter fugido às aulas, vindos de Belas Artes, mas ao mesmo tempo faltava-lhes uns quantos furos, aqui e ali, um corte de cabelo esquisito e mais cor na roupa.  

«Bem...», pensei, «ou esta dupla anda aqui a promover o evento para algum site interessado no assunto, ou, andará certamente a denegrir a imagem do mesmo, para um site com outros tipos de contéudo.» (esqueci-me - e confesso que nem me passou pela cabeça - de pensar em sites humorísticos. Atá então não tinha tido vontade de rir).

Continuámos portanto, esta nossa alegre e idiota conversa. Mas eu continuava na ignorância. 

De facto nunca tinha visto a personagem pequenina de barba que me perguntava pelo grau de «fashion'zísse» da coisa, ao que eu respondi, no dialecto «tiês» (será que se pode dizer que as tias falam tiês?) apropriado às circunstâncias.

Disse-lhe que tinha ido às compras, na minha mais honesta faceta-consumista-assumida mas o menino pareceu ficar aborrecido. 

«Então não vieste ver gajos?», perguntou-me. Gajos! O menino (humorísta, vim depois a descobrir) fez-me perceber que estava ali na galhofa, mas ainda assim, e porque não queria ofender possíveis espectadores, mantive-me na dúvida, de que se deveria alinhar na brincadeira idiota ou não. O certo é que me apeteceu responder:

«Gajos? Isso não existe por aqui!» Vá, não levemos as coisas tão a sério, mas numa noite de fashion night out na Baixa, o maior divertimento é ver seres indefinidos, coloridos, atrevidos, a bambolear com chapéus, malas e malinhas, saltos (meu deus, quantos saltos a contorcer-se naquela calçada), numa parada onde é quase impossível definir o género da criatura. Mas é isso que eu gosto. Vê-los passar por ali. (pelos vistos é isso que o Diogo, acho que o menino agora tem nome de Diogo, também gosta!)

Retomando. Respondi simplesmente «não, aqui vê-se mais gajas» (entrei finalmente na idiotice do fluente dialecto (in)profissional daquele menino que tinha um microfone maior do que ele na mão). E era verdade. Só via raparigas, mais ou menos bem vestidas, feias e bonitas, com coisas que ora invejava, ora odiava. 

Até que o curioso do petiz me pergunta de língua afiada e pistola (microfone, subentenda-se) apontada: indagou se «Gajas, era mais a minha onda»!? Atrevido. Respondi-lhe que não, e embora não conhecesse o menino (sensivelmente) idiota que estava especado à minha frente, percebi de imediato que alinharia na brincadeira.

E assim foi; mais dois ou três minutos de alegre chilreada, com risadas (por fim) sobre tamaha estupidez das perguntas. Mas parece-me que o moço não deve ter achado as minhas restantes respostas estúpidas o suficiente. Talvez porque o meu discurso se tenha assemelhado ao discurso dele, com toda a ironia e sarcasmo bem-vindos à situação.

Chegámos ao fim da história. A história da minha primeira «entrevista» a brincar. Apanhou-me, o Dioguinho. E agora confesso-vos, o que eu me ri com o video que vi no dia seguinte. Ri muito. Juro! (bem, ri de mim, e da minha voz esganiçada que sempre detestei, e ri dos outros). Muito bem apanhado este relato da VFNO.

E rir faz bem, nunca fez mal a ninguém. O que faz mal, ou pelo menos, o que me fez uma certa comichão, é o à vontade (?), ou o descaramento (!) do menino a filmar-me sem sequer se apresentar (o nome, era o mínimo, que falta de chá!) , ou dizer pelo menos: 

«Isto é para um site humorístico, não te importas pois não?»

E eu não me teria importado. Teria alinhado melhor na brincadeira, teria sido ainda mais idiota. Mas assim dá-me uma certa urticária.

Refllexão:

Este tipo de «reportagens» é um género que deve ser muito engraçado de ver e mais ainda de fazer! Claro que se o menino dissesse: «vou agora gozar contigo para pôr no meu blog, pode ser?» se calhar não teria contéudo para divertir 14 mil idiotas. Mas parece-me a mim (e nota: tirei design de comunicação, não sei nada de «comunicação social» ou «jornalismo») que por lei (?) eu tinha o direito de dizer se queria ou não participar ou aparecer no youtube (all over). Creio que ele não pode desatar a filmar o que bem lhe apetece e utilizar a imagem de outrém a seu bel-prazer (sem autorização).

Para a próxima, pergunte. Ou avise. Ou simplesmente anuncie o seu nome. Eu de certeza que não me teria importado de colaborar e confesso que gostei mesmo do video que o menino fez. Tem jeito. Só não tem muita ética. E a ética, até em situações de humor idiota, é uma obrigação.

Gostava agora de vos perguntar o que acham. Importavam-se de aparecer a falar  para um site que nem sabiam que existia sem a vossa autorização? Alinhavam mesmo se o «entrevistador» vos dissesse que era para um site «humorístico»? Acham que mesmo nestas situações ele (entre outros tantos eles) deveria ter pelo menos avisado do que se tratava?

Deixo-vos aqui o email que lhe enviei ontem:

De idiota para idiota. 

Diogo, devo dizer que desconhecia a tua existência mas ri-me como tudo quando vi a tua entrevista da VFNO. A sério. Tenho a honra de estrear o video e confesso que não me teria importado nada de colaborar para a 'idiotice' se em vez de me enfiares o microfone na boca me tivesses explicado de onde vinhas, para o que ias e no fim, para onde iria o meu 'idiotíssimo' relato. Bem, primeiro, porque fui completamente apanhada de surpresa. Depois, e porque realmente não sabia do teu canal tão (in)sensivelmente idiota, fiquei a tentar perceber se a dita entrevista era para promover ou denegrir o evento em questão. Depois das «gajas» percebi que se tratava de uma paródia idiota, com a qual divertidamente colaborei até ao fim, onde tão simpaticamente nos despedimos com um «boa noite». Só tenho uma pena tremenda de a minha imagem ter ficado remetida a gajas. Vá Diogo, por respeito ao idiota do meu namorado, poderias ter ao menos colocado o meu «não» da resposta. Mas isso é um pormenor. Ao menos conheci o teu canal, toda a gente me reconheceu no teu canal, e vamos sendo felizes assim. Mas agora, para a próxima, em vez de «fugir» de ti - como aconselhaste na tua página - vou tentar ser ainda mais idiota.

Boa sorte com o teu programa de humor. já sabes, sempre que precisares de figurantes conta comigo. Mas com um pouco (o mínimo exigido, vá) de integridade para que pelo menos eu saiba onde é que a minha imagem vai andar a circular.

(Falo - idiotamente - a sério quando digo que gostei do teu canal/página/blog!)

Boa noite e um beijinho,
Sara

5 comentários

  1. a seguir*
    espero por uma visita tua
    http://annydajuba.blogspot.pt

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  2. Isso é mesmo falta de ética. Nem parece coisa de uma pessoa adulta, mas sim de uma criança a quem deram um brinquedo.
    Não sei de quem falas, não conheço o tipo de lado nenhum, mas sou uma pessoa que acho que devemos rir-nos com as pessoas...e não das pessoas. Eu rio comigo mesma all the time. Mas falta de educação não tolero!

    beijinhos, Nádia
    My Fashion Insider

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  3. Fiquei tua seguidora!:D
    Acompanho o Idiota humorísta de quem estás a falar. Acho-lhe imensa graça nas notícias que cria todos os dias e nas 'postas' que manda na página do facebook. Mas esta onda de câmara e video e apanhar as pessoas desprevenidas e às vezes ridiculariza-las é no mínimo 'triste'. Mas gostei da tua atitude!

    http://ritissimavida.blogspot.pt/

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  4. Todas as pessoas, gostem ou não, devem saber ter uma atitude critica como a tua perante uma situação destas!

    Também é bom ler estas coisas no teu, pequeno grande Blog!

    Cada vez mais seguidora :)

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  5. não fazia ideia que participavas no vídeo! gosto bastante do sensivelmente idiota...

    xoxo,
    andy

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