#3


Super Bock Super Rock. É o último episódio desta série de partilhas festivaleiras (já devia ter sido partilhado há uma semana atrás), que tão bem marcaram este verão de 2014. À semelhança do convite do último festival — Nos Alive —, também este Super Bock Super Rock foi uma verdadeira surpresa.


Este seria talvez, de todos, o festival que eu fazia mais questão de ir. Porquê? Para que pudesse ver, finalmente, o meu Eddie Vedder. Assim que a confirmação do cabeça de cartaz para o segundo dia do festival saiu, a 19 de março, eu disse a mim mesma que no dia 18 de Julho, pelo menos, teria que estar no Meco.


No entanto, com o passar do tempo e na ânsia de conseguir juntar o máximo possível para a nossa viagem (que andamos a planear já há um ano), a possibilidade de comprar o passe para o festival tornou-se inviável. E assim foi. Dia 17, o 20º Super Bock Super Rock arrancava. E eu estava, desolada, em casa.


Até que, no final da noite desse dia, recebo uma chamada. Dele. E oiço que ele acabou de receber dois passes para o festival. E grito de contentamento. E quase que rebolo no chão. Quase que choro. E quase que acordo os vizinhos. Bem, acordei-os mesmo.


E partimos os dois, no dia seguinte, em direcção ao Meco. Já lá vão dois anos desde que estive pela primeira vez no festival, numa experiência arrebatadora (que podem ver aqui). E um par de anos depois, estou ali, novamente, agora numa noutra perspectiva, rodeada com outras pessoas, pronta para novas memórias. E que memórias! Memórias deliciosas de uma surpresa inesquecível e de um concerto inconfundível. Ou melhor: vários concertos fantásticos!

Como vos disse, a minha atenção e dedicação prendiam-se, inicialmente, num único concerto: Eddie Vedder. Felizmente, saí desta 20ª edição com o coração cheio de novos amores musicais e outras descobertas que tais. 


Com algum malabarismo retórico, lá consegui que me deixassem entrar com a máquina. Ainda assim, eram bastante restritas as regras quanto à sua utilização. No entanto, são estes registos amadores, repletos de entusiasmo e dedicação, que me fazem agora reviver estes dois dias de tanta emoção. E fico tão feliz por os ter captado! Ao longo do nosso festival, saltitámos entre o Palco EDP e o Palco Principal. 

Não podíamos deixar de ver Joe Satriani, que trouxe consigo — para nosso contentamento — uma banda extraordinária que o acompanhou durante todo o concerto (um concerto que, estupidamente, quase* abria o palco secundário). Na bateria, Mike Minnemann (cuja baqueta trouxemos triunfantemente para casa!), no baixo, Bryan Beller e por fim (last but not least), Mike Keneally na guitarra e teclas. O verdadeiro espírito do rock, assim ele mo dizia. 

*Antes actuaram For Pete Sake, que dão a voz ao tão badalado anúncio da EDP, com o seu "Got Soul". Devo confessar que, para quem não os conhecia, vibrei o concerto inteiro. A energia da banda, a presença da vocalista Concha Sacchetti [...] só me apetecia fotografar e fotografar. Contudo, por estar tão perto do palco, o senhor segurança impediu que tal acontecesse. 

Assistimos também, equanto a pouca chuva permitia (depressa a 'pouca chuva' deu lugar a um 'dilúvio'), aos Pulled Apart By Horses, que estavam animadíssimos no palco. Infelizmente, para todos, a chuva e a falta de condições do palco EDP fez com que o concerto se ficasse pela metade, mas não impediu o bom humor britânico da banda, nem um crowdsurfing à chuva.


Os concertos iam decorrendo, ora lá, ora cá, e desta vez foi o The Legendary Tigerman que me chamou a atenção, permitindo-me captar alguns registos simbólicos daquilo que foi o concerto deles, mesmo à distância, mesmo no fim. 

Mas rapidamente me apercebi que a minha maior paixão, a mais avassaladora, inconsciente e inesperada, estava por vir. E não. Não foi o concerto de Eddie Vedder (esse levou-me às lágrimas e apenas há um video a comprová-lo. Não há fotografias, já que quis aproveitar o concerto todo!). Foi o concertão de Woodkid.


Não os conhecia. E confesso que não me havia dado ao trabalho de o fazer. Maior erro de sempre. Como estava a ficar sem bateria na máquina — e na esperança de conseguir registar e documentar o último concerto da noite — guardei-a, bem arrumada. Até que oiço as batidas. Poderosas. Estrondosas. Arrepiei-me. E fiquei quieta. Muito quieta. De olhos bem abertos, apercebi-me que me apaixonara assim que o vocalista começou com "baltimore’s fireflies". O jogo de luzes, quase distorcido, psicadélico, as pancadas fortes, os tambores tão (mas tão!) bem sincronizados. Um concerto completo, a meu ver, que tantos arrepios me deu e que, ainda hoje, só de recordar, me dá. 

A voz quente e apaixonante de Lemoine e toda a banda que tão bem o suporta, o maravilhoso trabalho da equipa de luz e som, o público que recebeu tão bem aquele espectáculo. Acho que foi essa ligação, entre o Woodkid e nós, que mais me marcou: que o "run boy run" tenha sido prolongado, numa só voz, em uníssono, pelos milhares de festivaleiros que lá estavam, surpreendendo todos no palco, que já se preparavam para as despedidas, que começavam agora a tirar os apetrechos electrónicos que os ligavam a um recinto cheio. E eles, incrédulos, que continuaram esse (para mim novo) "run boy run", sem luzes, sem instrumentos, sem acessórios. Só eles. E nós. E eu. Que cantava com todos os meus pulmões, que batia palmas com quanta força tinha, que me esqueci de tirar a máquina e registar o quão bonito foi tudo aquilo. 

Apaixonada e embriagada pela emoção do concerto que acabara de ouvir, fiquei ali, nas duas horas seguintes, à espera do vocalista de Pearl Jam, principal motivo para a minha presença no Meco. E esperámos. E valeu a pena. Valeu tanto a pena. 

Num concerto, um tanto ou quanto intimista mas numa escala partilhada com quase 35 mil pessoas, com mais de duas horas, repartidas num alinhamento variado, entre dois dedos de conversa (ou dois golos de vinho), com convidados inesperados e um Vedder a solo, num palco pouco iluminado, aconchegado com o essencial. 

E foi aqui, assim, neste cenário, que oiço o "just breathe", dos Pearl Jam. E não sei o que me deu; nunca me tinha acontecido. Levanto a máquina para filmar a minha música, a nossa música, e as lágrimas corriam pela cara, abafando o meu acompanhamento (e só deus sabe o quão desafinado estava!). E soluço. Fecho os olhos. E oiço só. Ele já me tirou a máquina das mãos, filmando o que não estava a ser convenientemente filmado. E nas noites seguintes, adormeci a ouvir essa música, que foi tocada de surpresa, nesse concerto que surgiu (para mim) de surpresa, embebido por essas lágrimas que escorriam de surpresa. Não há fotografias dessas duas horas de concerto. Mas não preciso delas. Sei o quanto feliz fui naquela noite.


O terceiro dia de festival (segundo para nós) foi tranquilo e sem pressas. Não resultou em muitas fotografias, mas foi muito bem aproveitado. E começou, para mim e para ele, com Dead Combo, no palco EDP. Gostei muito, como já imaginava. Aquela dupla de guitarras (acompanhadas pela bateria), tem uma energia fantástica e não há ninguém que fique indiferente. O final perfeito? "Lisboa Mulata".


Foram fugazes estes momentos, passados a dois, no meio de um mar de pessoas, movidas pelo mesmo instinto, pela mesma paixão. Pela música que nos unia, a todos. E que nos uniu, mais que nunca, ao longo daqueles três dois dias de festival. Foi bom, aliás!, foi perfeito. E para o ano quero mais. E quero que me deixem fotografar todo e mais algum detalhe, que nem uma profissional. Quem sabe, para o ano?


Para já ficam nestes registos as memórias, que são as nossas. Memórias sinceras e sentidas, da 20ª Edição do Super Bock Super Rock, que encerrou esta série de festivais de verão. E vai deixar saudades. Muitas. Espero que tenham gostado e prometo em Setembro voltar com publicações regulares e muitas outras (tantas!) novidades. Uma boa semana!

4 comentários

  1. Belos registos fotográficos do festival! Eu fui ao SBSR no ano passado, mas este ano optei pelo Alive, se bem que o meu festival do coração seja para sempre o de Paredes de Coura. :-)*

    www.joanofjuly.com

    ResponderEliminar
  2. Experiência incrível que partilhaste!! Também já vi os Dead Combo e sem dúvida que representam muito bem o pais lá fora, são fantásticos * - *

    xoxo,
    Lovely Seventy One

    ResponderEliminar
  3. Pelo que tenho seguido o teu Verão tem sido em grande!!! E fico feliz por ti aproveita ao máximo e quero ver mais dessas tuas experiências de verão beijinhos*

    ResponderEliminar
  4. As fotografais estão fantásticas! Que me dera ter ido :)

    \ Indigo Lights

    ResponderEliminar