VIEMOS DA ILHA #2


E hoje relembramos o nosso segundo dia de viagem. Faz hoje uma semana que, depois de um pequeno almoço caprichado e de um primeiro dia bem passado, rumámos em direcção às Furnas. O dia amanheceu um tanto ou quanto cinzento, nevoeiro e uma bruma baixa e fresca que nos pedia um certo aconchego. A humidade era implacável e tudo aquilo que eu desejava era um pouco de sol, para poder conseguir absorver toda a beleza daquela ilha única. Verdade seja dita que a ilha nos encanta — mesmo com o nevoeiro. 

No post de hoje falamo-vos de um Hotel maravilhoso, que tão bem nos recebeu e nos fez sentir em casa. Falamos das incríveis paisagens e verdes folhagens, das piscinas férreas e águas termais, de um passeio pela Rota do Chá e de um jantar fora d'horas.


À medida que nos íamos afastando da Ribeira Grande (e, consequentemente, deixando um pedacinho de nós em Santa Barbara) o nevoeiro ia ficando menos denso, mais disperso. O Sol começava agora a dar o ar da sua graça e eu não podia estar mais feliz. O nosso destino era o bonito Furnas Boutique Hotel — o qual eu estava ansiosa por conhecer. 


Ficámos maravilhados com a beleza do espaço. Por tudo. Pela envolvente — uma das paisagens mais bonitas que alguma vez conheci — pela arquitectura do Hotel, agora renovado, que está edificado em plena harmonia com a natureza, tornando-se quase parte dela, na sua maravilhosa traça histórica, com sublimes laivos contemporâneos.


O interior é o retrato perfeito da assinatura do hotel, como se pode ver pela sua figura exterior — a arquitectura das antigas termas em sintonia com as intervenções modernas — também aqui o antigo convive com o novo, com o actual, numa sintonia muito bem equilibrada.


São tantos os detalhes e histórias bonitas por detrás deste Furnas Boutique Hotel que falarei dele num outro artigo, especialmente dedicado a este lugar da Ilha de São Miguel — que rapidamente se tornou o nosso ponto de interesse favorito da ilha. Vou-vos mostrar, em mais detalhe, todas as valências e serviços do Hotel, todos os cantos e recantos, todos os pormenores e experiências. Tenho a certeza que não vão querer perder!


Depois de nos instalarmos (e de muitas fotografias ao espaço), fomos almoçar. Pedimos uma sugestão à simpática menina da recepção que prontamente se assegurou de encontrar um restaurante que servisse, nesse dia, o célebre Cozido das Furnas. O Rodrigo já me havia dado três referências onde se servia bom cozido e a indicação da menina foi uma delas: Tony's. 


Situado no Vale das Furnas, o Tony's é um restaurante típico, pequeno e familiar. E muito concorrido. De tal forma que fomos encaminhados para um outro espaço, do mesmo proprietário — o Tony's Snack Bar — pois o Restaurante principal já estava completamente lotado. E ainda nem eram 13h30.


Pedimos sem hesitar: uma de cozido para partilhar. Uma Especial (cerveja de São Miguel) e uma Kima (refresco de maracujá) bem fresca a acompanhar, foi a refeição ideal para começar uma tarde que seria bem longa. Estava tudo uma delícia; os enchidos eram maravilhosos e o sabor característico do cozido das furnas era muito subtil, apenas estando mais evidenciado nas couves e legumes. A todos aqueles que disseram que não iríamos gostar do Cozido das Furnas: adorámos!


Nos planos do segundo dia estava o passeio pelo Parque Terra Nostra e a visita à Poça da Beija. Claro está que depois um almoço reforçado teríamos que andar um pouco, aligeirar o peso do cozido antes de qualquer mergulho nas piscinas de água férrea. Por isso, resolvemos ir conhecer as Plantações do famoso Chá da Gorreana.


O dia mantinha-se assim: indeciso. Ora nublado, ora ensolarado. Mas com uma temperatura amena e óptimo para andar a passear. Fomos de carro até a Maia, onde se situa a plantação e fábrica do Chá da Gorreana. Estacionámos sem problemas e seguimos todos decididos fábrica adentro. 


É desde 1883 que a Fábrica de Chá Gorreana produz um dos produtos mais (re)conhecidos e apreciados por todo o mundo. Consta que está há mais de cinco gerações na família e é um negócio que se cultiva de geração em geração, mantendo sempre as receitas tradicionais e técnicas originais, promovendo as qualidades ancestrais do produto.


A visita à fábrica é um episódio muito engraçado. Entramos por nossa conta e é por conta própria que a visitamos. Podemos explorar à vontade as várias salas da fábrica, assistir ao funcionamento da mesma, convivendo com os seus trabalhadores. É um contacto muito próximo e informal que se estabelece durante a visita e é muito engraçada a primeira reacção (que foi, pelo menos, a minha): será que podemos estar aqui? Afinal, quantas são as fábricas que podemos visitar livremente, durante o horário de funcionamento?


No final da visita podemos degustar uma chávena de chá (verde ou preto), apreciar a paisagem, admirar o ritmo sistemático e geométrico das plantações e ainda comprar alguns produtos para levar. Eu trouxe vários pacotinhos de chá verde, o predilecto cá de casa. A minha mãe e a mãe dele agradeceram. Muito. É que o chá é mesmo uma delícia!


No regresso às Furnas acabámos por deixar o carro no Hotel e passámos o resto da tarde a passear. A zona das Furnas — pelo menos aquela próxima ao Hotel, que está muito bem localizado — é relativamente pequena e muito fácil de palmilhar a pé. Fomos então conhecer o Parque da Terra Nostra.


O Parque Terra Nostra é conhecido pelo seu Tanque de Água Termal e constitui um momento muito especial, numa visita a São Miguel. A água que alimenta o tanque tem propriedades férreas muito características e surge-nos entre os 35 e 40 graus — o que nos faz, por momentos, imaginar que estamos numa espécie de jacuzzi natural. 


Os mais audaciosos poderão mesmo sentir-se repousados e relaxados. Da minha parte, cabe-me sinceramente relatar que foi uma sensação muito estranha, a de entrar na piscina grande. Uma água turva e quente, qual caldeirada, que parecia agradar todos os visitantes. Confesso que não ver o fundo, não conhecer a piscina e estar de molho numa água a 40º me fez uma certa impressão.


Contudo, tenho que dizer que gostei muito da experiência de estar na piscina mais pequena, recentemente inaugurada. É um espaço mais íntimo, menos procurado, mais protegido e, por momentos atrevo-me a dizer, com água menos quente.


O passeio que antecedeu a aventura em águas férreas fez-se calmamente pelo resto do parque. Quase que parecia a nossa Quinta da Regaleira, com grutas, trilhos entre árvores e arvoredos, muita folhagem, muito verde, cheiro a terra húmida, recantos quase mágicos. Foi um passeio muito divertido e curioso. Uma experiência nova...


...que viríamos a repetir logo a seguir. De toalha ao ombro, resolvemos aproveitar o embalo e ir dar um mergulho à Poça da Beija — umas piscinas naturais, no Vale das Furnas, que acabam por ser um agradável espaço termal, conhecido pelas suas propriedades terapêuticas. À semelhança das piscinas de água férrea no outro parque, também aqui a água é quente, alaranjada, com uma intensa presença do cheiro a ferrugem (é tudo aquilo que me vem à cabeça, na ânsia de descrever por palavras aquilo que só os sentidos mais apurados conseguem captar).


A tarde passou num piscar de olhos, entre um almoço típico, uma chávena de chá degustada com vista para as maravilhosas paisagens, um passeio pelo Parque da Terra Nostra e um ou dois mergulhos na Poça da Beija. Quando demos por nós, entre tomar banho e não tomar, eram quase 22h. Pensámos que em Ponta Delgada teríamos sorte em encontrar um sítio para jantar. Estrada fora, apercebemo-nos (rapidamente!) de que 50km (para cada lado), numa estrada sinuosa e de noite, não se faziam assim tão facilmente. Resolvemos ficar a meio caminho, na Ribeira Grande.


Eram já 23h e lembrámo-nos que a Associação Agrícola de São Miguel servia até tarde — tentámos primeiro o Tuká Tulá mas a cozinha fecha às 22h — e tentámos a nossa sorte. Chegámos ao restaurante, desta vez sem enganos, e foi uma sorte tremenda: a cozinha estava mesmo a fechar (encerra às 23h) mas fizeram o esforço solidário de nos atender na zona do bar.


Fizemos um pedido simples e rápido, mas não menos saboroso. Dois pregos, guarnecidos com batatinha frita. Mais uma vez, não desiludiu; carne tenra, saborosa, bem temperada. Dos deuses! E não é porque estávamos mesmo a morrer de fome. Na AASM come-se mesmo muito bem e com esta opção — a dos pregos — a situação fica ainda mais em conta. Para terminar a refeição ainda ousámos provar o pudim de maracujá. Aprovado!


Este foi o nosso relato — um pouquinho extenso mas cheio de carinho (e saudade) — do segundo dia na Ilha de São Miguel. Amanhã regressamos. Vamo-vos levar às Caldeiras, às Lagoas, às praias açorianas e a um jantar divinal. Fiquem desse lado e venham connosco.

5 comentários

  1. Que lugar lindo, e as fotografias estão perfeitas, uma pessoa fica logo cheia de vontade de ir também :)
    Beijinhos,
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  2. Este ano vim viver para São Miguel, porque vim estudar, e estou a adorar este ambiente!
    Espero que estejas a gostar, beijinhos*

    http://www.aquichovemcristais.blogspot.pt/

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  3. Fotos maravilhosas e o lugar é um espetáculo!

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  4. *açorianas! :) Um beijo de uma micaelense

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