bye bye design?
Ora, não é bem assim. Nunca ponderei abdicar e desprezar os cinco anos de curso (e investimento) que tive para me formar designer. A veia criativa sempre foi latente na família e este meu lado existe desde que me conheço. Tirei a licenciatura em design, especializei-me depois em design gráfico e de comunicação no mestrado e aos 23 estava já no mercado de trabalho. Trabalhei como event designer num empresa que organizava grandes eventos; foi lá que comecei por estagiar para efeitos de conclusão de mestrado e foi lá que acabei por trabalhar entretanto.
Essa experiência permitiu-me ter uma visão mais real daquilo que era o dia-a-dia de um designer e deu-me o know how necessário para saber gerir imprevistos. Lidei directamente com fornecedores, gráficas e clientes. Trabalhei numa equipa multidisciplinar e, apesar de ter adorado a experiência, resolvi lançar-me como freelancer. Na altura fazia todo o sentido. Gerir os meus próprios horários, conciliando com os assuntos e eventos do blog — no qual me estava a dedicar a 110%. E foi através dele (do blog, digo) que grande parte dos meus trabalhos e clientes surgiram.
Dois anos mais tarde, a constatação de que o trabalho de um freelancer a recibos verdes é uma merda porcaria, o ter que regatear preços dos projectos, como se estivesse na feira, o estar sozinha num escritório onde, por vezes, tudo aquilo que queria era um ou dois colegas com quem discutir ideias mas, ao mesmo tempo, o recusar entrar no ciclo sem fim dos estágios e "primeiros empregos" submissos às ordens de um patrono muitas vezes ignorante, com horários sem horas e vencimentos minúsculos, foram os alicerces da minha tomada de decisão.
Sabia que precisava de mais.
Precisava de um emprego que me tornasse financeiramente mais estável, profissionalmente mais realizada e pessoalmente mais preenchida. Queria uma situação que me permitisse viajar pelo mundo fora, conhecer coisas novas, alimentar a minha cultura visual. E não o iria conseguir fazer com os rendimentos de freelancer (pelo menos não para já). Mas sabia também que não me via a trabalhar num office das 9 às 9, colocando todos os meus outros projectos em standby.
Essa constatação surgiu também um pouco na sequência da mudança [imprevista e dolorosa] de casa. Se me acompanham estarão lembrados que custou muito. Partilhei um desabafo sincero por aqui e vocês foram todos muito compassivos. Estava um bocadinho em negação e a ideia de ir para longe assolou-me o espírito desde então. Ponderei ir para o outro lado do mundo em voluntariado, fazer qualquer coisa. Afastar-me. Não sabia como, mas queria afastar-me. Mas não, nunca por um momento pensei em tornar-me flight attendant.
A semente da ideia foi colocada no final do verão passado, entre conversas e partilhas. Então disse para mim mesma que, se até ao final do ano, não me sentisse realizada em todos os aspectos, mudava de vida.
E assim foi. A somar a todas as outras tantas mudanças também eu mudei. E se mudei. Inscrevi-me no Curso Inicial de Tripulante de Cabine e em dezembro já eu ansiava pelo final de Janeiro, altura em que iria começar as aulas para a turma 02/2018 da OATC. E sobre isso — sobre tudo isso! — sobre o curso, experiência, aprendizagem e tudo mais, falaremos no próximo post, prometo.
E agora: quem mais gostaria de mudar radicalmente de vida?
Boa sorte para a nova fase da vida!
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
FIco tão feliz por ti Sara, por teres tido a coragem que muitas pessoas não têm. Também gostava de conseguir-me sentir realizada profissionalmente e até aqui nunca o senti. Vamos ver o que o futuro me reserva, nos reserva :)
ResponderEliminarUm beijinho
https://amaria-do-mar.blogspot.pt/
Boa sorte!
ResponderEliminarRui Quinta, Rui de Viagem
ah que bacana :) a vida é uma caixa de surpresas mesmo! feliz de quem tem coragem para encarar novas experiências quando as antigas já não as suprem mais :) muito feliz por ti ♥ e ansiosa pra ler mais sobre tudo isso!
ResponderEliminar