Um café a conhecer e um passeio especial a fazer. O nosso terceiro dia em Dublin amanheceu cedo e o sol brindou-nos desde logo. Por outro lado este foi, de longe, o dia mais frio em terras irlandesas. Creio que nem durante o pico do calor esteve — efectivamente — calor. As temperaturas rondaram os 5º e à noite (...) nem vos conto.
No post de hoje trazemos a memória do 3fe café e do nosso passeio de comboio até Howth, onde comi um dos melhores pratos de peixe de toda a minha vida. Relembramos ainda aquele passeio à beira rio e o jantar naquele restaurante familiar italiano. Curiosos?
Seria de bom tom avisar-vos agora que o post que estão a ler se avizinha longo. Mas é que nós gostámos tanto de Dublin e das descobertas que por lá fizemos — e, ao mesmo tempo, não há assim tantos posts sobre a cidade — que achámos pertinente partilhar tudo o que for interessante. Este 3fe café, por exemplo, é um must go se estiverem por Dublin. Já vão perceber porquê.
Situado no Gran Canal Street, num pequeno prédio de tijolo, encontra-se este café — maravilhoso — de seu nome 3fe (Third Floor Espresso). O projecto deste espaço nasceu com a paixão única por café, do seu criador. Acabou por fundar o 3fe em 2008 e hoje em dia este é considerado um dos melhores cafés na cidade.
Descobri-o no site The Lovin Dublin (aqui) e não tardei a colocá-lo na lista. O melhor será dizer que tomámos o pequeno-almoço em casa e rumámos em direcção ao 3fe, de mapa na mão, de propósito para conhecer este espaço e experimentar o seu café. Afinal, lemos tão boas críticas a respeito que tínhamos que ir comprovar.
Estava muito frio, mesmo. A caminhada de 15 minutos foi o suficiente para nos enregelar da cabeça aos pés e tudo o que nos apetecia eram dois cappuccinos quentinhos. Assim foi. Dois cappuccinos quentinhos para mesa junto à janela.
E o café era realmente delicioso. Intenso, aromatizado, diferente de todos os outros cafés comerciais e industriais que se bebem por aí. Além do mais, o 3fe é o distribuidor exclusivo do café Hasbean, na Irlanda. Fornece vários espaços carismáticos na cidade e é reconhecido pela qualidade exímia do seu produto.
Mas como nem só de café se faz um Homem, no 3fe podem tomar o vosso pequeno-almoço durante a semana, fazer um brunch de fim-de-semana ou ainda almoçar. Todos os produtos são de qualidade e muito deliciosos, consigo garantir. O espaço é também uma delícia; pequenino mas com umas janelas enormes, que captam todo o calor da rua. Ainda tem uma esplanada muito agradável no passeio, para aproveitar os dias bonitos.
Deviam ser agora umas 10h da manhã e já tínhamos um programa agendado com a Mariana e o Tiago. Iríamos todos juntos até Howth, mas como era sábado e eles precisavam de descansar, nós as duas aproveitámos para passear.
Fomos explorar a zona junto ao rio. Caminhámos lado a lado, pela City Quay e admirámos a paisagem, tão diferente da que já conhecíamos. O rio Liffey corria calmamente e reflectia todos os raios dourados daquele sol gelado de novembro.
Nesta paisagem, o tijolo dá lugar ao vidro, a estrutura em madeira é substituída pela de ferro e o antigo dá lugar ao novo. Aqui estão os contrastes citadinos que tanto gosto. Mas não nos podíamos alongar muito no passeio pois tínhamos ficado de nos encontrar às 11h30 na estação de Tara Street com eles, para apanharmos o comboio até Howth.
A viagem de comboio dura cerca de 25 minutos e o bilhete da Tara Street Station até Howth Station custa à volta de 6€ ida/volta. É uma viagem tranquila e acaba por ser muito gira pois vemos a envolvente da cidade que de outra forma não veríamos.
Howth é uma zona portuária e piscatória. O maior interesse é, para além da paisagem e daquele ar bom do mar, os restaurantes e o peixe. Fresco, saboroso e muito bem confeccionado como, aliás, seria de esperar numa zona costeira assim.
O Tiago e a Mariana tinham esta surpresa preparada na manga: a referência de um restaurante pequeníssimo mas que tinha uns pratos de peixe de comer e chorar por mais, (quase) literalmente. Chamava-se Octopussys Seafood Tapas e parecia verdadeiramente a casa de uma família de pescadores. Uma sala pequena estava decorada com vários objectos marinhos e motivos náuticos, desde cordas a bóias, ora nas mesas ora suspensos no tecto. Um espaço cheio de personalidade e a comida? Oh, a comida era o melhor.
Pedimos três ostras, para começar. Eu fiquei de fora que já sabia que não ia gostar. A Joaninha arriscou...e parece que também não gostou. Mas que eram frescas e suculentas, lá isso eram. Os pratos que se seguiram é que eram do além: Scallops Octopussy Style (10,95€), que é um prato de tamboril e gambas, servido num molho aveludado de chouriço e parmesão (sim, chouriço e parmesão!, fica divinal, acreditem que também estava céptica ao início) com tomate fresco e ervas; e um Mixed Shellfish Platter (24,95€/duas pessoas), com mexilhões cozinhados em vinho branco, gambas, camarões e caranguejo.
Ambos os pratos eram deliciosos, mas eu tenho que confessar que me rendi ao primeiro; tamboril com chouriço e parmesão. Juro-vos que é um must do. Se tiverem tempo de ir a Howth, têm mesmo que parar neste Octopussy's. Acompanhámos a refeição com um vinho branco maravilhoso (não vos quero enganar, mas acho que era do Chile). Fresco e doce, ligava na perfeição com a refeição magistral que fizemos.
De regresso a casa, apanhámos um final de tarde lindo. As cores da cidade caiam sobre as águas do rio e os reflexos estavam incríveis. Uma delícia de se fotografar, portanto.
Esta é uma das pontes mais conhecidas da cidade. Chama-se Samuel Beckett Bridge e é realmente bonita. Estabelece uma ligação muito subtil entre margens e a própria estrutura é muito interessante. Atravessámo-la para visitar o outro lado do rio.
E do outro lado conseguimos contemplar muito bem os sítios por onde tínhamos passeado nos outros dias e ver o contorno da cidade, que é tão bonito. Além do mais, é do outro lado que podemos observar o memorial feito às vítimas da grande fome (The Famine Memorial), inaugurado em 1997 na Custom House Quay. É uma homenagem às vítimas da grande fome do século xɪx, que abalou muito a cidade (fome, doenças e uma vaga enorme de emigração). As estátuas em bronze são da autoria do artista Rowan Gillespie e são fortíssimas. De tal forma que impõem um silêncio à sua volta, mesmo sem se impôr. Vale a pena passar por elas.
Eram agora umas 17h30 e resolvemos ir passear pela O'Connell Street e a Mariana (sim, porque por esta altura o Tiago já tinha ido tratar de outras coisas...) levou-nos às compras na Penney's de Mary Street, a mãe das Primarks que hoje conhecemos. Sim, porque lá em Dublin a cadeira tem dá pelo nome de Penney's, e não Primark, como foi importada no resto do mundo.
A loja era tão grande e tinha tantos pisos que ainda estivemos por lá um bom bocado. Até beauty corner tinha, do tipo "salão de manicure" e "esteticista", acreditam? Os preços por lá são iguais aos de cá mas a variedade é muito maior. Havia tanto calçado, tantas malas e acessórios!
Por volta das 18h e pouco encontrámo-nos novamente com o Tiago que nos levou numa espécie de rally pub, pelas ruas de Dublin. Pronto, rally talvez um pouco presunçoso e exagerado. Mas fomos tomar uma cerveja num irish pub típico e como tínhamos que fazer tempo até ao jantar ainda fomos a um sítio giríssimo, chamado Gin Palace, onde o gin era servido em jarro e na mesa é que se fazia a distribuição pelos vários copos. E foi um dos melhores gins que já bebi. Se forem amantes desta bebida têm que ir lá.
Por volta das 20h resolvemos seguir até ao restaurante, sugestão dos nosso anfitriões, que dominavam a arte do bem comer por Dublin. O nosso jantar ia ser num pequeno e familiar restaurante italiano, chamado Il Fornaio.
Disseram-nos que era um restaurante italiano mas não servia pizzas*. Estranhei, ao início, essa afirmação. Mas depressa percebi que fazia todo o sentido. Este restaurante era a imagem perfeita da verdadeira cozinha italiana. É quase como se fossemos convidados para jantar em casa de uma família italiana e nos dessem aquilo que de melhor têm por lá.
*pelo menos não são conhecidos pelas suas pizzas
Sejam os enchidos ou as azeitonas, os queijos picantes ou a bruschetta romana, ali todos os ingredientes são frescos e de muito boa qualidade. Aliás, a audácia de os apresentar desta forma, tão natural e sem artifícios, é o que lhes confere um outro estatuto.
Queríamos fazer um jantar de petiscos e partilhas então pedimos a Il Tagliere del Fornaio (14,50€) com uma série de enchidos, carnes fumadas, queijos e cogumelos temperados com azeite, Assortimento di Bruschetta (9,95€) que é a bruschetta tradicional, com molho de tomate, queijo e uns apontamentos de bacon e ainda pedimos um Antipasto Misto, que era tábua de carnes mistas com rúcula e parmesão. Para acompanhar, um cestinho de pão caseiro e um jarro de Aerosol Spritz para dividir (uma bebida típica, muito doce mas óptima para acompanhar estes pratos mais salgados e apaladados).
Para terminar a refeição em beleza convenceram-me a pedir o salame de chocolate. Digo "convenceram-me" porque eu não sou grande apreciadora de salame. Mas o Tiago garantiu-me que também não era e que adorava o salame de chocolate do Il Fornaio. E o Tiago tem toda a razão: é óptimo! De comer e chorar por mais. Macio, desfaz-se na boca e o chocolate é óptimo.
Foi um sábado maravilhoso e especialmente gastronómico. Ficam então com estas sugestões deliciosas, se algum dia passarem por Dublin. Por agora, (re)vejam a nossa chegada, a Trinity College e o almoço delicioso no The Fumbally e a visita à Guinness Storehouse e o jantar naquele pub a não perder. Amanhã há mais Dublin!
Sara. Estas fotos. Estas fotos! Tu retratas tão bem cada lugar, que me fazes querer visitar tudo! :) E que passeios e lugares fantásticos que nos mostras.
ResponderEliminarJiji
Joaninha, que querida! Dublin é uma cidade que me deixou muito feliz!
EliminarO restaurante de Howth parece qualquer coisa de espectacular. Mas se eu for a Dublin em Novembro, qual a probabilidade de apanhar um dia de sol desses?
ResponderEliminarRui
Olá Rui e muito obrigada pelo teu comentário :) eu fui em Novembro e em 5 dias, só apanhei chuva no último. A sorte da probabilidade esteve comigo eu sei, mas olha..vai na volta e se fores lá em Novembro também apanhas uns dias lindos, quiçá!
EliminarObrigada e um beijinho