Dublin #6


O nosso último dia na cidade. Era o nosso quinto dia em Dublin e, por incrível que vos possa parecer, não estávamos nada cansadas, nem tão pouco exaustas. Ao contrário da viagem a Londres ou Paris, por exemplo — onde no quarto dia eu já não sentia as pernas — aqui em Dublin sinto que podia continuar a explorar mais uma semana inteira que não me iria cansar (nem fartar). 

Para o último dia deixámos reservado algumas coisas muito boas: um pequeno-almoço num sítio que têm mesmo que conhecer, a visita ao Dublin Castle, um almoço maravilhoso, o passeio bom pelas ruas da cidade, o último jantar e o último brinde naquele pub, com eles.


Acordámos cedinho e decidimos ir tomar o pequeno-almoço ao Kaph Caffe. Tinha tropeçado num artigo do Lovin Dublin (aqui) e tinha ficado muito entusiasmada para conhecer a Drury Street. Ao que parece é a rua mais hippster de Dublin, mas reune uma série de cafés e lojas que são absolutamente imperdíveis. A começar neste pequeno café, considerado pelo site a coffee shop nº2 em Dublin.


A rua é tudo aquilo que tinha imaginado. Uma rua estreita mas comprida, com casas baixinhas, todas em tijolo, portas coloridas, fachadas arranjadas. Canteiros floridos, bicicletas arrumadas [...] era uma manhã de segunda-feira que começa devagar em Dublin.



Kaph Caffe. É um pequeno café, situado na Drury Street, que tem uma montra grande e personalizada com umas ilustrações lindas. A identidade do espaço ressalta-nos à vista, mesmo antes de entrar. É que este café faz-se valer por estabelecer uma harmonia perfeita entre o moderno e o antigo, alternando uma decoração mais retro com peças super actuais, misturando a sapiência dos dias passados com o design dos dias que correm.




Kaph caffe é considerado paleo-friendly e prima ainda na apresentação dos produtos, todos de produção própria ou adquiridos a produtores locais, como é o caso do grão de café, moído na hora, comprado ao fornecedor vizinho, 3fe (já vos falei dele aqui). Uma premissa de sustentabilidade, que se estende ao próprio serviço e produtos — que tem sido recorrente encontrar aqui em Dublin. Nota-se uma preocupação válida em fornecer produtos de qualidade, não industrializados e e preferência de origem nacional. Vê-se muito disso e esse brio na produção do próprio país é algo de louvar (e tomar nota).




Pedimos dois cappuccinos (2,80€ cada) bem cremosos, um croissant folhado (3,50€) com creme de ovo (que estava tão, mas tão bom!) e uma tartelete de framboesas frescas (2,50€) que era uma das melhores que já provei! Creio que a despesa terá ficado à volta dos 11€, para nós as duas. Tendo em conta o espaço, o serviço tão simpático e carinho e a qualidade dos produtos — e já que era o último pequeno-almoço na cidade — valeu bem a pena. Adorámos!



O café, que à partida parece pequenino, ainda tem uma sala no piso superior que foi uma verdadeira surpresa. É uma extensão perfeita do ambiente que se vive lá em baixo mas aqui com um toque ainda mais pessoal, mais especial. Soalho bonito, paredes pintadas de um azul pálido e muitos desenhos e recortes de revistas e jornais adornavam a parede.




Assim de repente, sem ter muito a ver (eu sei), lembrou-me um pouco o Monocle Café em Londres. Talvez pelos nichos com balcões embutidos, pela harmonia entre um café quente e um livro ou uma revista...alguma coisa me fez lembrar aquele café bonito na capital britânica.




Acordámos muito cedo nesse dia e estávamos a fazer tempo para ir visitar o Dublin Castle. Por isso não nos coibimos de ficar à conversa, entre dentadas naquele croissant maravilhoso e golos no cappuccino cremoso.



Entretanto (claro!) fui fotografando todos os detalhes bonitos do espaço e ia explicando ao senhores, num inglês meio improvisado, qual o intuito das fotografias. Parece-me que eles ficaram muito entusiasmados. Senti o povo irlandês muito sociável e acessível; um pouco diferente do britânico, tenho que admitir. Os dublinenses, pelo menos, são de uma simpatia e delicadeza extrema.


Ainda tínhamos tempo então resolvemos explorar a rua em que nos encontrávamos. Já tinha assinalado no mapa que gostaria de ir a um ou duas lojas, nomeadamente a Irish Design Shop e a Industry Design, onde acabei — efectivamente — por fazer algumas compras.







Como podem ver, este é exactamente o tipo de loja que adoro e onde perco a cabeça. Assim de repente lembrou-me algumas lojas em Lisboa, no LxFactory, por exemplo. Na Industry Shop então encontrei tudo o que me faz feliz: design, decoração, marcas únicas e ainda uma pequena cafetaria que serve até refeições ligeiras! É um conceito muito frequente por lá, pelos vistos: lojas que são também cafés ou restaurantes. E eu achei giríssimo.




Deviam ser agora umas 10h e tínhamos acabado de chegar ao Castelo. A ideia inicial era tê-lo visitado na sexta anterior mas por sorte vimos no site que estaria fechado e só reabriria na segunda. E assim lá fomos nós. Nem precisámos de andar muito pois o Dublin Castle fica muito perto da Drury Street. E além do mais, hoje não estava sol — hoje chovia — por isso até foi bom a caminhada ser curta.




Na recepção, pedimos o bilhete de estudante sem visita guiada (4€). Nunca gostei muito de andar presa a um guia, a um percurso e a um ritmo predefinido por outrem. Gosto de ir ao meu passo, parar quando me apetece parar, fotografar o que me fascinar e como normalmente até faço uma pesquisa antes de viajar, consigo perceber muito daquilo que estou a ver — sem precisar de um guia. 

E lá fomos nós, as duas, felizes da vida, pelo Dublin Castle fora.







O Castelo de Dublin fica no local de uma antiga povoação viking, ocupando o canto sudeste da cidade fortificada normanda. Hoje em dia é utilizado para cerimónias oficiais mas foi, durante 700 anos, o centro do poder secular do país. É, em parte, um exemplar muito bonito de uma edificação medieval e temos que dar um destaque especial aos aposentos oficiais  (em cima), à Powder Tower e à capela.



Quando chegamos ao fim da alegada visita, eu e a Joaninha estranhámos: primeiro porque tinha sido rápido demais (não tinha passado nem uma hora) e depois porque não passámos nem pela Torre nem pela capela. Perguntámos na bilheteira como podíamos aceder a essas duas alas e foi-nos dito que só são visitáveis em visita guiada.



"Ora bolas" — pensámos. Nós queríamos muito ver o resto do museu e ninguém nos tinha dito que só o era possível com o guia. Se estava indicado na bilheteira ou estava em gaélico (e nós não entendemos nada) ou estava em tamanho de letra 1 (e nós não vimos nada). A senhora foi muito simpática e disse-nos que mediante a diferença de 2€ (o bilhete com visita guiada custa 6€) poderíamos ir na visita seguinte. Aceitámos. Esperámos cerca de 40 minutos (parece-me que sai uma visita a cada 45 minutos, mas sem certeza) e fomos então visitar o que nos faltava.





Felizes da vida, demos por terminada a nossa viagem ao Castelo de Dublin. O nosso guia, que era um amor (very irish), começou a visita pela Powder Tower, onde vimos as ruinas vikings e catacumbas. Depois encaminhou-nos para a capela e eu rejubilei, porque era de facto muito bonita. Como o resto do Castelo já o tínhamos visitado por conta própria, resolvemos ir almoçar. Afinal de contas, por esta altura já deveriam ser quase 14h.

(instagram @saracabido)

Fallon&Byrne. Um must go em Dublin e um dos mais conceituados restaurantes na cidade. Se ao jantar a refeição acaba por pesar um pouco na carteira, não podíamos deixar de aproveitar o almoço. Tem menus do dia muito em conta e com refeições confeccionadas na hora, com os produtos mais frescos e saborosos.




Aliás, o Fallon&Byrne é também padaria, frutaria e mercearia. É um espaço multi-funcional, que se organiza de uma forma congruente e deliciosa. Cheio de vida, de cor, de sabor. A oferta é variada e a qualidade é inquestionável.




É engraçado como num só sítio conseguimos encontrar pessoas tão diferentes: os turistas, interessados num espaço único, os locais, que almoçavam qualquer coisa leve na pausa do trabalho, mães com crianças, senhoras e senhores de mais idade, que iam fazer as suas compras de mercearia [...] e depois eu, feita parva, deliciada a fotografar tudo.




A montra apresentava sugestões diversas para almoço, todas elas saudáveis. Sandes, wraps, tostas, saladas, sopas...era só escolher. Também as bebias haviam para todos os gostos e vontades. A minha escolha recaiu numa sandes, para partilhar com a Joaninha, com finas fatias de rosbife (13€), que estava deliciosa, e um sumo de laranja natural (1,95€). A sandes era relativamente grande e por isso acabámos mesmo por dividi-la entre nós as duas.



Almoçar no Fallon&Byrne é uma óptima sugestão para quem quer conhecer o espaço mas não tem propriamente um orçamento alargado. Sei que o jantar — servido no andar superior — custa cerca de 75€ para duas pessoas. Assim sendo, é sempre uma óptima alternativa fazer um almoço rápido, saudável e saboroso por muito menos, no mesmo sítio, não concordam?


Resolvemos ir dar uma volta pela zona envolvente — que tinha sido, sem dúvida, a nossa preferida — e como não tínhamos muita pressa resolvemos passear calmamente para observar o que nos poderia ter escapado.



Voltámos a Grafton Street só para namorar mas um bocadinho a montra da Chanel e como ainda tinha sobrado espaço para uma sobremesa, resolvemos ir experimentar um sítio que viemos a descobrir ser maravilhoso — bem perto do Kaph. Mas isso terá que ficar para amanhã... 

Regressamos amanhã, com o último post do relato da viagem. Levamo-vos a tomar a sobremesa num café especial, ao último passeio pela cidade, mostramo-vos como foi o nosso último jantar e aquele pub, onde brindámos pela última vez com eles.

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