IZANAGI


Cut the obvious. O novo espaço em Alcântara onde nos podemos deliciar com a verdadeira cozinha japonesa — e que vai muito além do (tão adorado) sushi. Uma experiência sensorial que nos transporta para o outro lado do mundo, mesmo que fiquemos já ali, junto ao Tejo. Foi "a" descoberta dos últimos tempos e fazia todo o sentido partilhá-la com vocês...




Numa zona que se apresenta — ainda — tão descaracterizada e carente de uma lufada de ar fresco, o Izanagi veio revolucionar o espaço das Docas de Santo Amaro, em Alcântara, de forma a torná-lo num ponto de paragem obrigatória. Aliás, o restaurante é parte integrante de um projecto de reabilitação da zona das docas de Lisboa. E a visita a este novo espaço veio mostrar-nos que, para além do LxFactory, do Bairro de Santos ou São Bento, do Cais ou do Chiado, também a zona ribeirinha junto à Ponte sobre o Tejo vai passar a ser um dos cool spots da cidade.



Seguindo pela bonita estrada Marginal, que percorre a silhueta do Tejo, o acesso às Docas de Santo Amaro faz-se de forma muito simples e o estacionamento privado é um descanso (é pago de facto — mas não é nada caro — e permite-nos ter o carro mesmo à porta do restaurante). Quem preferir ir de outra forma há várias paragens de autocarro, eléctrico ou comboio nas proximidades. A zona em si não podia ser mais maravilhosa, seja de dia ou de noite. A ponte, ao amanhecer ou entardecer, iluminada pelo sol de inverno ou pelas luzes que a ornam pela noite dentro, é o cenário (e contraste) perfeito para uma experiência gastronómica que se vive no Izanagi.





À entrada somos surpreendidos com um espaço amplo, mas não muito grande, arejado mas ao mesmo tempo aconchegante. A decoração assenta em três pontos principais: o calor do tijolo e a aplicação da cor em alguns apontamentos de decoração, materiais em tom preto e cinza, e a utilização de madeiras nobres para o mobiliário. Fomos ao jantar e o ambiente de noite é mais intimista. As luzes são difusas e aquecem discretamente a sala, a música toca uma playlist agradável e a ponte iluminada é o cenário que temos do outro lado da grande vidraça. 

Fomos logo super bem recebidos e indicaram-nos uma mesa para dois, mesmo junto à janela. A nossa noite começou com um brindar a esta nova descoberta. Deixamos sempre à consideração do chefe — como fizemos no Avenida Sushi Café — e o cocktails de inauguração foram o Izanagi Spicy Mule (7€) — o meu favorito de sempre! — que é o cocktail de assinatura e inclui uma infusão de sake, vodka, tougarashi, ginger beer, limão, pepino e um toque de coentros, e o Umetini (6,5€).

Pontapé de saída perfeito para o serão...



Tal como as bebidas, também o menu ficou à sugestão do chef. Sabíamos que não iríamos sair decepcionados e somos adeptos convictos de experimentar coisas novas — especialmente num espaço tão promissor como este. É que, para o caso de não saberem, o Izanagi é o novo projecto do grupo SushiCafé e tem a assinatura do chef Daniel Rente, um dos mais conceituados sushimen portugueses e responsável por outro espaço do grupo, o Avenida SushiCafé.

cut the obvious

Desmistificando a ideia de que sushi e ramen é tudo aquilo que podemos encontrar num restaurante japonês, o Izanagi procura promover uma oferta mais ampla e traz-nos até à beira Tejo pratos que representam as receitas genuínas daquilo que se encontra nas tabernas, tascas, mercados e bancas de rua japonesas. A chave do sucesso é traçada nas receitas originais e ingredientes frescos e de qualidade.





Pedimos então para provar alguns dos pratos mais aclamados da ementa e não podíamos ter ficado mais rendidos. Em primeiro lugar serviram-os o tuna chimichurri (tataki de atum com molho chimichurri) e o hamachi (fatias de lírio com azeite de trufa, yuzu e sour cream). As entradas ligaram tão (mas tão) bem com os cocktails que por esta altura já pedíamos novo reforço de bebidas, desta vez duas opções diferentes. É que, por mais surpreendente que possa ser — numa Lisboa cada vez mais virada para a carteira do turista — os preços da carta são mesmo muito simpáticos a que se peça um e outro (cocktail ou prato, sempre no sentido de partilha). Desta vez provámos o Meron (6,5€), que significa melão em japonês, servido com vodka e limão, resultando num cocktail muito fresco e aberto, e o Chotto Matte (7€), um cocktail mais seco.




Antes de experimentarmos os pratos quentes, provámos ainda o Salmon Avocato, rolo de salmão braseado, abacate, pepino, aioli e sésamo e o Izanagi Maki, rolo de corvina marinada em D-ponzu, braseado com abacate, sésamo e Kabayaki. Foram-nos servidos como se de uma dose se tratasse, para que pudéssemos experimentar de tudo um pouco, por isso não vos saberia precisar se a dose normalmente é assim servida com 8 peças. De qualquer das formas, estavam ambos uma delícia!

O que se seguiu depois foi saboreado como se dum segundo acto se tratasse; esta experiência poderia ser representada em três actos, qual deles o mais delicioso.






Serviram-nos algumas espetadinhas — muito típicas e características do street food japonês — para que conhecêssemos a maioria da oferta do espaço. O prato chama-se Robata Mix e contempla os espargos grelhados com pancetta, espetada de lombo de novilho com yakiniku,  salmão grelhado com teriyaki e cebolinho e buta abura, que é uma entremeada fina grelhada com chimichurri. Tudo no ponto, tudo uma delícia. Acompanhamo-lo com uma salada de folhas verdes, rabanete e tomate cherry assado.

Depois, para concluir a prova dos principais, não podíamos deixar de experimentar o tradicional Okonomiyaki. Pedimos umas das versões disponíveis na carta e a famosa panqueca nipónica é aqui servida com legumes, camarão e queijo, de nome Ebi Cheese (13,25€). Aqui (confesso) já estávamos os dois com limitada capacidade para comer algo mais mas este prato foi o ex-libris da refeição e tinha mesmo que ser saboreado, aproveitado e partilhado. Estava tão gostoso!

Um ponto importante de referir é a temperatura perfeita a que todos os pratos nos foram servidos; e — acreditem — numa experiência destas, a temperatura do peixe, do arroz ou dos legumes é a sublime diferença entre um restaurante bom e um restaurante excepcional. O Izanagi é excepcional.


E, apesar de estarmos muito satisfeitos, uma experiência destas não pode ser concluída sem provarmos uma sobremesa. Eu já ia na ideia de pedir a Freaky Asian Banana (tempura de banana, gelado de baunilha, caramelo de miso, chantilly e M&M's — bolas, soa ou não soa a delícia?). Mas acabámos por optar por uma sobremesa mais leve e fácil de partilhar mas não menos deliciosa. Escolhemos o Stun Brownie (um brownie de chocolate e tâmaras com gelado de amendoim). Estava di-vi-nal e nós, teimosos, insistimos que já tínhamos provado aquele gelado magistral em algum lado. E jurávamos que estávamos juntos quando o fizemos. Na verdade percebemos que o Sundae Miso do Avenida SushiCafe era muito parecido em termos de sabor com o gelado de caramelo que acompanhava o brownie — era por isso. E foi tão bom reviver no paladar aqueles sabores doces e delliciosos...




Foi uma experiência incrível! Tão boa que ele voltou lá dois dias depois e eu já conto voltar, desta vez ao almoço — que a minha máquina já está velhinha e fotografar de dia acaba por resultar em imagens mais bonitas — para provar tudo aquilo que não consegui provar desta vez (a sobremesa de banana é a primeira da lista!). Aconselho a todos os que gostam de conhecer pratos diferentes e são fãs de gastronomia asiática. O Izanagi é o espaço perfeito, em todos os sentidos. Ambiente, decoração, localização, serviço e comida au point.


Doca de Santo Amaro
Todos os dias
Das 12h30 às 23h30

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