E o terminar de uma quadra mágica. Este ano o Natal foi particularmente especial. Foi um Natal diferente mas, talvez por isso, foi a oportunidade perfeita para rever prioridades e perceber, no meio do caos e dos imprevistos, a sorte que temos. Hoje partilho convosco alguns registos simples mas que revelam bem o gosto que temos pelo Natal cá em casa...
Há um ano atrás o dia 23 era passado nas urgências do São Francisco. A minha mãe havia caído e, viemos a descobrir na madrugada de dia 24, fracturara a coluna. O Natal do ano passado foi o pior natal de sempre. Porque a vimos de cama, com dores, a sofrer. Porque nos vimos privados da família, até daquela que só vem ao continente uma vez por ano. Fomos obrigados a deixar os abraços, beijos e afectos em standby. Multiplicaram-se as mensagens, as video chamadas e o amor à distância.
Mas, no meio de todos os imprevistos, mesmo com uma mãe acamada, olhámos para os quatro e demos graças: a queda, que podia ter sido fatal, não deixou a mãe assim tão mal. Quer dizer, foram mais de 9 meses de árdua recuperação mas, ao menos, tínhamo-la ao pé de nós, viva. De cama, mas viva. E não há nada mais valioso do que ter os nossos junto a nós.
Este ano, já com a mãe recuperada e restrições aliviadas, chegamos mais uma vez à minha época favorita de sempre: o natal. Foi tudo pensado com antecedência e a expectativa de voltar a reunir a família toda (em segurança) à volta da mesa era demasiada.
As músicas de natal começaram a tocar cá em casa ainda em novembro, os presentes foram logo pensados e encontrados, os embrulhos idealizados e postais criados. A cozinha encheu-se com cheiro a açúcar, canela e laranja. As manhãs começavam com cacau quente e as fornadas de bolachinhas de natal saiam dia sim, dia não. A árvore foi montada no primeiro de dezembro e eu não podia estar mais entusiasmada.
Há qualquer coisa de muito especial nesta época. Pelo menos para mim. À semelhança do meu aniversário — mesmo depois de fazer 30 — adoro celebrar o natal, com tanto carinho quanto adoro celebrar os meus anos. É o momento de partilha que se cria, as memórias que se constroem, os amigos e família reunidos.
Sentia que este ano, talvez por termos tido tantas limitações por causa do Covid o ano passado, iríamos aproveitar tudo ao máximo. E este ano até conseguimos ter um natal de 3 dias.
afinal, natal é quando nós queremos, não é verdade?
Estava de assistência no dia 25 (para quem chegou agora, sou assistente de bordo, trabalho por turnos e muitas das vezes com horários bem incertos). Activaram-ma e apresentei-me às 6h da manhã no aeroporto. Só cheguei a casa depois das19h, o que impossibilitou-me de estar com o resto da família. Cá em casa abrimos os presentes na manhã de 25 e fazemos o convívio de família também no dia de natal. Tive imensa pena — talvez por ter construído demasiadas expectativas sobre poder compensar o natal do ano passado — de não ter conseguido estar com eles. Mas, no meio das adversidades, pensei que no natal passado estávamos bem piores e que poderia sempre compensar este dia no dia seguinte. E assim foi. A consoada foi feita a quatro no dia 24, bebemos cacau quente no serão de 25 e os presentes foram trocados na manhã de 26. E há algo de muito belo em ver as coisas deste prisma.
Estou grata. Por tudo. Foram uns dias maravilhosos, quentes, doces, passados com quem mais gosto. O natal fez-se, como sempre, de partilha, risos e lembranças e o ano terminou com muita esperança. Mas sobre isso falaremos mais tarde.
Um bom dia de reis, para todos.
Para o ano há mais!
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